Polícia

Morte e traficante preso terminam com protesto na Zona Sul de Niterói

Publicado às 17h43 / Atualizado às 20h40


Imagem ilustrativa da imagem Morte e traficante preso terminam com protesto na Zona Sul de Niterói
Traficante Naô era responsável pelo tráfico de drogas na comunidade. Foto: Arquivo

Um homem, identificado como Elias Lima de Oliveira, de 24 anos, morreu na tarde desta quarta-feira (24), após ser baleado no Morro do Palácio, no Ingá, Zona Sul de Niterói. Segundo familiares, ele teria sido atingido por um tiro durante ação de policiais militares do Batalhão de Niterói (12º BPM), que resultou na prisão de um traficante, conhecido como Naô.

Na ação, Elias foi atingido no tórax e precisou ser encaminhado ao Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca, mas não resistiu ao ferimento. Moradores da comunidade garantem que Elias, que era conhecido como DJ FL, trabalhava como entregador por aplicativo e moto-táxi.

A morte de Elias, que deixou uma filha de um ano, provocou revolta entre familiares e amigos na comunidade, e um protesto foi realizado na Avenida Presidente Pedreira, principal acesso ao Morro do Palácio, no Ingá.

"Alguns moradores falaram que os policiais chegaram atirando. Meu irmão gritou 'morador!' e eles atiraram. Ele era trabalhador. O que aconteceu aqui é que eles mataram um inocente. É um sentimento de ódio e injustiça. Sabe o que é mais triste? Que isso ficará impune. Será apenas mais um que morreu. Ninguém faz nada porque é preto e morador de favela."

Elen Lima de Oliveira, irmã de Elias

Com a notícia da morte de Elias, Mariza Ana de Lima Oliveira, mãe do jovem, passou mal e desmaiou no hospital. Ela afirma que Elias não tinha envolvimento com tráfico de drogas.

"Eu sou diabética, tomei um remédio e fui deitar, mas escutei tiros. Fui até o local e os policiais falaram que ele estava na boca de fumo. Eu quero que eles provem! Meu filho não é bandido, ele é morador! Tiraram a vida de um inocente", comentou a mãe, enquanto chorava.

Na versão da família, a abordagem dos policiais militares do Batalhão de Niterói (12° BPM) foi truculenta, já que Elias é morador da comunidade e não teria relação com o tráfico de drogas local.

O corpo de Elias será encaminhado para o Posto Regional de Polícia Técnico-Cientifica do Barreto, em Niterói.

Protesto

Familiares e amigos se reuniram na Avenida Presidente Pedreira, no Ingá. Foto: Karina Cruz.

Familiares, amigos e conhecidos realizaram um protesto na Avenida Presidente Pedreira, no Ingá. De acordo com a Nittrans, a via foi interditada por volta das 17h10 e influenciou no trânsito da região. O congestionamento atingiu até ruas de Icaraí, bairro ao lado.

Manifestantes levaram cartazes pedindo justiça sobre a morte de Elias.

"Os policiais tem que saber entrar na favela. Eu estou revoltada. Já virou moda. Quem paga somos nós: pretos e favelados. Nós moradores não tem nada a ver com isso."

Viviane Almeida, madrinha de Elias.

Versão da PM

A Secretaria de Estado de Polícia Militar confirmou que equipes do 12° BPM (Niterói) foram à comunidade, mas teriam sido atacadas durante o patrulhamento de rotina. A PM justifica que uma das equipes abordava um homem quando foi atacada a tiros, dando início ao confronto.

Segundo a PM, após o tiroteio um individuo foi encontrado baleado e foi levado para o Hospital Estadual Azevedo Lima. O rapaz em questão era Elias. Ainda na ação, os policiais informaram que dois homens foram presos, entre eles o traficante Naô, com uma pistola e entorpecentes.

Eles foram levados para a Central de Flagrantes da Delegacia do Centro (76ª DP) e posteriormente encaminhados para a Divisão de Homicídios.

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